Arquipélago de San Blas - Panamá Postado em 08/03/2018
O Caribe Inexplorado - Velejando no Paraíso Por Marcia Pavarini
Catamarã Zenith, para velejar no paraíso Imagine um arquipélago quase deserto, com uma ilha para cada dia do ano, todas cercadas por um mar azul turquesa, areias brancas e salpicadas de coqueiros.
Para conhecer o paraíso, não é preciso "passar para o lado de lá", ele está ao alcance de quem se dispõe a conhecê-lo aqui na Terra. Esse pedacinho de céu, que habita a imaginação daqueles que buscam conhecer cenários paradisíacos, fica no Caribe, mas não é aquele Caribe invadido por hordas de turistas, com resorts de luxo. É o Caribe primitivo, puro, com praias imaculadas e atóis rodeados por águas transparentes em vários tons de azul, areia branca, salpicados de coqueiros verdejantes. Um cenário de postal, que perpetua na memória de quem o visita. Assim é San Blas, no Panamá, um lugar dos sonhos, e o mais incrível, pouco explorado pelos brasileiros.
Águas cristalinas banham as praias de areia branca.
O arquipélago de San Blas é composto por 365 ilhas, uma para cada dia do ano, mas apenas 49 ilhas são habitadas, um lugar perfeito para quem quer encontrar a paz, curtir o ócio e se sentir rodeado pela natureza imaculada.
As ilhas San Blas, oficialmente arquipélago Guna Yala, fazem parte do território autônomo da etnia Kuna, que se estende ao longo de aproximadamente 320 km na franja costeira norte, no litoral caribenho do Panamá. San Blas é o lar dos Kuna, que lideram seu território com a mínima interferência do governo do Panamá. Os Kuna controlam todas as ilhas, a hospedagem, o transporte e, claro, o turismo consciente.
Atol Banidup - Um capricho da Natureza
Graças ao incessante esforço dos integrantes da tribo Kuna, o local permanece intocado, a salvo da poluição, do caos turístico e das grandes incorporações, onde a natureza pode seguir autêntica.
Atol Banidup - Um pedacinho do céu aqui na Terra que dá até para fingir que é só seu
SAN BLAS A BORDO DE UM CATAMARÃ - VELEJANDO NO PARAíSO
Existem várias formas de visitar San Blas. A experiência mais interessante, senão a mais excitante, de fazer um giro pelas ilhas é a bordo de um catamarã. A grande vantagem de se hospedar em um catamarã, ao invés de cabanas ou veleiro, é que, além da estabilidade, conforto e do espaço interno e externo, é possível chegar até as ilhas mais desertas e paradisíacas, com a chance de conhecer várias em um só dia, e ainda visitar a cativante comunidade Kuna, sua cultura e seu intrincado e colorido artesanato.
Meu sonho de velejar nesse pedaço azul do planeta tornou-se realidade quando descobri Frederick L. Ebers, através do link www.cruisesanblas.com. Fred, de origem americana e coração panamenho, tem formação na Academia Marítima Mercante, com um vasto currículo de experiência em todos os oceanos, e é proprietário do luxuoso catamarã Zenith, de 48 pés (14,64 m) de comprimento e 25 pés (7,6 m) de largura, que faz o tour pelas ilhas de San Blas.
É através do link que se faz a reserva do passeio. E olha só a dica: se disser que ficou sabendo dele por meio do meu blog, você ganha 20% de desconto. O e-mail do Fred é cruisesanblas@gmail.com.
Fred também providencia o transporte da cidade do Panamá até o porto de Cartí (de onde saem os barcos que levam os passageiros e sua bagagem até o catamarã).
O Catamarã Zenith chega até as praias mais belas e praticamente desertas
Uma das quatro suites do catamarã Zenith
O Zenith acomoda, com conforto, oito pessoas (ou quatro casais) em suas quatro suítes, além do capitão (Fred) e sua assistente. Essa temporada é Marina, uma "chica" argentina, simpática, suave, com mãos de fada na cozinha, e ainda toca violão e canta lindamente.
Para a alegria dos passageiros, além das praias, o catamarã oferece equipamentos para diversões aquáticas: caiaques, paddleboards e equipamento para snorkeling (máscaras e pés de pato).
O catamarã fica ancorado próximo ao píer do pequeno porto Carti, Niga Kantule. O porto é constituído de um par de construções oficiais, um espaçoso estacionamento e inúmeros barquinhos de madeira ancorados na praia (de propriedade dos Kuna), que fazem o transporte de passageiros e bagagens até os barcos de passeio.
Para vivenciar essa inesquecível experiência, fomos nós (eu e meu marido) e mais três casais de amigos. Fred e Marina já nos esperavam a bordo do Zenith, com aquele sorriso e simpatia cativantes.
Assim que embarquei, uau, me dei conta de como era grande o catamarã. A partir desse momento, iríamos vivenciar uma grande e inesquecível experiência de convivência não só com a natureza preservada, mas com os anfitriões do barco.
O primeiro contato com o barco é o deck de fora (salão do cockpit), um espaço coberto, onde são servidas as refeições e onde acontecem as confraternizações diárias, os happy hours, com aperitivos, vinhos, sucos (à vontade) e petiscos, após o extenso dia de praia e sol.
Salão do Cockpit - Onde se toma as refeiçõees olhando para o mar azul
Salão do Bar
Todas, eu disse todas, as refeições e bebidas estão incluídas no pacote, desde a hora em que a gente pisa no barco até a hora da partida, inclusive o jantar no restaurante Kaiber Nega na Ilha Banidup.
Antes mesmo de descer para as cabines, reparei que no imenso deck, o Zenith está equipado com pranchas Stand-up, remos, três caiaques, equipamento de snorkel, varas de pesca, um verdadeiro arsenal de lazer aquático para quem quer mais aventura, e ainda tem tapetes de yoga e uma enorme rede de descanso.
Cozinha coração de mãe
Rola até churrasco
A caminho das cabines, no piso inferior, ficam a cozinha e a espaçosa sala de estar, mas todo mundo prefere tomar as refeições na mesa de fora, para desfrutar da paisagem e do pôr do sol.
As cabines são muito confortáveis, têm até ventiladorzinho, plugue para carregar celulares, armários e gavetas. Todas elas têm banheiro com água doce, quente ou fria, para quem preferir. Como cortesia, Fred equipa os banheiros com xampu, condicionador, além de quatro toalhas por passageiro, fora a toalha de praia.
Isla Perro Chico (Achudub)
Nosso primeiro "pit stop" foi a Isla Perro Chico. Essa magnífica ilhota oferece uma atração a mais além da água turquesa e da areia branca: perto da praia, a poucos metros de profundidade, repousa um antigo navio afundado. Suas reentrâncias servem de berçário para uma rica fauna e flora marinha, com peixes e corais coloridos, sendo um dos pontos mais interessantes para a prática de snorkeling. Como parte do casco está fora d´água, é possível ficar em pé sobre ele na maré baixa. É um prato cheio para quem gosta de fotografar de baixo ou acima d´água. Dali, seguimos para a ilha Nuinudup.
Isla Perro Chico - Casco do navio afundado próximo à praia, a poucos metros de profundidade
Essa ilha maravilhosa fica em frente à outra ilha, a BANIDUP, tão espetacular quanto. Nuinudup é o tipo de ilha que me fez sentir como a Eva (de biquíni) no paraíso. Não é preciso mais do que cinco minutos para percorrer a sua extensão. Areia branca, mar estupidamente azul e coqueiros, esses são os ornamentos dessa e de todas as ilhas de San Blas... e precisa mais?
Ficamos ali na praia, desfrutando da paz infinita e do azul intenso das águas, curtindo uma experiência única e diferenciada, como se a natureza fosse apenas nossa.
"Rede" natural pra curtir o ócio
Mas é a ISLA ESTRELLAS que mais atrai os olhares dos visitantes, e como o nome da praia já diz, é um ponto de encontro com as estrelas do mar, que podem ser vistas mesmo de fora d´água.
Cada refeição preparada por Marina foi uma agradável surpresa. O dia sempre começa com um farto e variado café da manhã, com sucos, geleias, frutas, ovos, granola, yogurt, panquecas, etc., enfim, uma infinidade de opções para todos os gostos. As refeições, à base de peixe e frutos do mar, são faustosas e muito bem equilibradas. Marina, a argentina "mãos de fada", além de receitas saborosas, prepara sobremesas elaboradas, como tortas, brownies e mousses.
Teve até churrasco em um dos jantares. Fred assou um filé na churrasqueira acoplada na popa do catamarã, e olha, estava uma delícia!
Assim, o conselho é: esqueça a dieta se estiver fazendo alguma, porque comida e bebida estão sempre à disposição, e pra falar a verdade, são irresistíveis.
Marina sempre surpreende com sua receitas
Capitão Fred, um churrasqueiro de mão cheia
ISLA SOLIDAD MIRIA Visita à Comunidade KUNA – Cultura Indígena em um Paraíso Tropical SAN BLAS
A experiência mais marcante da viagem foi a visita à comunidade Kuna, na Ilha Solidad Miria, a maior ilha do arquipélago. Fred aportou o catamarã no minúsculo píer da comunidade para abastecer o barco de água. Foi quando pudemos vivenciar um pouco da cultura dos índios Kuna. Solidad Miria é o lar dos Kuna, cuja língua é o Tule. Apenas 10% fala espanhol fluentemente.
Isla Solidad Miria- Sociedade tribal - Moradias primitivas dos Kuna
É difícil imaginar que, em pleno século XXI, os Kuna mantenham seus costumes tão arraigados e um estilo de vida tão tribal. O turismo de massa aqui não chega porque os Kuna não permitem. São donos das suas terras e tiram dela o seu sustento. Souberam estabelecer limites para os visitantes e barcos que chegam diariamente às ilhas, preservando seu pequeno mundo intocado.
As palhoças dos índios Kuna são rudimentares e muito primitivas, feitas com madeira e bambu, materiais naturais que encontram nas ilhas e arredores.
Crianças e adultos Kuna chegam até os veleiros ancorados, remando seus caiaques, para oferecer seus artesanatos, peixes ou lagostas.
Mulheres Kuna, exibem orgulhas seus radiantes bordados artesanais chamados "Mola"
As MOLAS são um dos artesanatos tradicionais mais admirados, tecidos pelas mulheres da tribo Kuna. Trata-se de uma minuciosa técnica em que se sobrepõem de duas a cinco camadas de tecidos de diferentes cores, recortando o contorno dos desenhos e costurando-os sobre a tela com pontos quase invisíveis. Os motivos representam cenas da vida cotidiana, elementos da natureza (animais e flores) ou figuras geométricas. O trabalho pode levar até dois meses para ser concluído. Além das molas, as mulheres também elaboram brincos, pulseiras, colares e outros adornos feitos com pedrinhas chamadas Shakira.
Sua cultura é matriarcal, onde a mulher exerce o poder. A elas pertencem os bens móveis e imóveis, e elas tomam as decisões dentro do núcleo familiar.
ATOL GORGI DUP
No terceiro dia de navegação entre as ilhas, seguimos para o ATOL GORGI DUP, um absoluto capricho da natureza. O atol constitui-se de uma faixa de areia branca, aquela brancura de cegar, cercado por um mar azul dos sonhos.
Dali, seguimos para outras ilhas, como Miriadup, Tiadup, Naguarchirdup e Wailidup. Nessa última, estão as Cabañas sobre o mar, um charme que atrai os visitantes, e um restaurante de propriedade de uma família Kuna, onde podemos experimentar pratos típicos preparados com frutos do mar frescos e iguarias locais, enquanto desfrutamos da vista paradisíaca do Caribe.
San Blas é o destino número 1 para o turismo ecológico e responsável no Panamá e provavelmente na América Central.
Autêntico, quase deserto, de beleza única e repleto de opções, o arquipélago azul de San Blas é um destino (quase) escondido, que guarda a natureza intacta para o futuro do planeta.
E, lembre-se, ao sair de San Blas, não tire nada além de fotos, não deixe nada além de pegadas, não leve nada além da saudade.
"Check Point" para ingressar no território Kuna (Guna Yala)
COMO CHEGAR
Aqui está o texto corrigido, sem alteração no conteúdo:
A Cidade do Panamá, capital do país, é o primeiro destino antes de viajar para o arquipélago de San Blas. Várias companhias aéreas servem o país, como Copa Airlines, Avianca, United, com voos regulares.
O Panamá tem o privilégio de ser banhado pelo Oceano Pacífico, na costa sul, e pelo Caribe na faixa costeira norte.
A Cidade do Panamá fica na costa do Pacífico, e o arquipélago de San Blas fica na costa norte, no Caribe. Por isso, para se chegar de um oceano a outro, é preciso cruzar o país na transversal oblíqua, mas isso não é um problema, porque o Panamá é um país estreitinho. A viagem da capital até o terminal de Cartí (no mar do Caribe), de onde saem os barcos para as ilhas do arquipélago de San Blas, é mais ou menos 120 km. Os primeiros 80 km são feitos em rodovia expressa em direção leste, e os outros 40 km cruzam uma cordilheira para chegar ao outro lado, por uma estrada estreita e sinuosa passando pelo coração das montanhas, com uma vista linda da mata luxuriante. Nesse último trecho, há dois “check points” (paradas obrigatórias), o primeiro é controlado por militares panamenhos, e o segundo é controlado pelos Kunas. Ambos exigem documentos de identidade, mas quem verifica se o carro é 4x4 ou, no mínimo, compatível para continuar a viagem, são os Kunas (tipo picape ou caminhonete). No total, da capital até o terminal de barcos, o trajeto leva de duas horas e meia a três horas de caminho.
OPÇÕES DE ACESSO
Com carro 4x4 partindo da cidade do Panamá até o terminal de barcos Cartí: Como já mencionei, San Blas ou Guna Yala pertence ao território autônomo dos Kuna e são eles que regulam o acesso ao local, não só quanto ao tipo de veículo, como também o horário de entrada e saída. Por isso, no “check point” Kuna, se não estiver com carro 4x4, passaporte ou ID em mãos e no horário certo, a passagem será barrada.
Coletivo dos Kunas: Quem não dispõe de carro 4x4 pode contratar o serviço de transporte que os Kunas oferecem. Não vale a pena alugar um 4x4 para deixar estacionado no porto, enquanto você passeia pelas ilhas. Os coletivos são confortáveis, com capacidade para cinco pessoas, ar condicionado, e o melhor, eles apanham o passageiro em qualquer endereço na capital e levam até o terminal de barcos. O valor por pessoa é de $50,00 dólares.
CONTATOS para COLETIVOS: Contatar Fred pelo telefone e WhatsApp +507 63997251, que poderá arranjar o transporte.
Com aviãozinho: Do aeroporto de Albrook na capital, saem os pequenos aviões bem cedo, até as cidades de El Porvenir, capital da Comarca Guna Yala, ou Corazón de Jesús. O Zenith pode ancorar próximo de qualquer um dos dois aeroportos e apanhar os passageiros. O voo não dura mais do que 30 minutos.
TAXAS PARA ENTRAR NO TERRITORIO GUNA YALAAqui está o texto corrigido, mantendo o conteúdo:
No check point dos Kuna, se paga uma taxa de entrada por pessoa: $20 para não residentes e $5 para panamenhos ou residentes.
Horário (restrito) de passagem pelo check point Kuna para entrada no território: Das 7h30 às 16h30.
MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR SAN BLAS
Na verdade, no Panamá não tem inverno, qualquer época do ano é boa para desfrutar as belezas de San Blas. De dezembro a março é a alta estação: seca com vento e o sol brilha radiante, praticamente sem nuvens no céu.
De abril a novembro tem chuvas esporádicas durante o dia, mas não tem vento, o que deixa o mar um lago calmo.
O QUE LEVAR NO VELEIRO
Aqui está o texto corrigido, mantendo o conteúdo:
Muitos biquínis ou maiôs porque o dia todo é de praia.
Roupas leves e simples, como shorts, camisetas, saídas de banho, etc. O luxo pode deixar em terra, assim como os sapatos, que devem ser deixados na entrada do barco.
Câmera fotográfica, se possível a prova d´água tipo GoPro, para tirar fotos das belíssimas estrelas do mar que ficam a centímetros de profundidade, e também do navio afundado, um berçário de peixes e corais coloridos.
Bloqueador solar, chapéu ou boné.
Remédio de uso e para enjoo (se for muito sensível).
Levar dinheiro em espécie (dólares) (de preferência trocados) para pagar o coletivo Kuna e as taxas de entrada no Parque (as taxas das praias estão incluídas no pacote), pois no território não tem serviço para cartão de crédito.
OUTRAS VIAGENS COM O CATAMARÃ ZENITH QUANDO ELE NÃO ESTá EM TOUR EM SAN BLAS
Velejando de Puerto Lindo até Playa Blanca
Além de velejar em San Blas, o Zenith também faz o passeio de um dia de Puerto Lindo até Playa Blanca, para um mergulho no surpreendente recife e também para desfrutar da praia de areia imaculadamente branca, onde não se tem acesso por carro.
Velejando em Portobelo
Outro passeio muito lindo de um dia inteiro, é velejar com o Zenith até o histórico porto de Portobelo, descoberto por Cristóvão Colombo, em sua terceira viagem ao continente, percorrendo a rota dos piratas, e ainda acessar, de bote, a fortaleza, para ver os canhões.
Em ambos os passeios (Puerto Lindo e Portobelo), o almoço está incluído.
Veja mais informações no link www.cruisesanblas.com. Telefone de Fred para mais informações em português pelo WhatsApp 507 6399 7251.
Márcia Pavarini
Ao longo de vários anos Márcia Pavarini percorreu o mundo viajando por todos os continentes e até aos Pólos. Foi anotando suas aventuras em diários que, hoje, perfazem aproximadamente 5.000 páginas. Ela esteve, até agora, em 240 países, de acordo com o critério de contagem da Travelers Century Club TCC. Na Coluna “Diário das 1001 Viagens” Márcia Pavarini divide com os internautas, do Portal, as experiências vivenciadas durante suas andanças.